
Hoje estive na agradabilíssima praia de Camurupim no litoral do Rio Grande do Norte, ao sul da sua capital, Natal. A praia é conhecida por suas piscinas naturais, que se formam em função de haver extensa barreira de arrecifes ‘protegendo’ uma boa faixa de areia. O mar chicoteando com força e constância as pedras completa com exuberância os atrativos da praia. Repito a primeira palavra do texto, ‘hoje’, para dizer que apenas hoje consegui aproveitar as piscinas naturais, pois dias atrás estive no exato local e só pude andar pela areia, pisar as pedras e ver o mar batendo nelas. O motivo é simples, na minha visita anterior (por não ter analisado em detalhes e me planejado adequadamente) encontrei a praia em maré baixa; e apenas com maré alta as piscinas se formam. Isso me chamou bastante a atenção para algo totalmente trivial: quase tudo na natureza é cíclico. Os ciclos impactam muitas coisas em nossas vidas, desde as muito importantes até as pequenas, como conseguir ou não tomar um banho de mar.
Aproximadamente a cada 365 dias entramos nos ‘rituais de final de ano’, Natal, réveillon, novo ano. Afirmar que isso é cíclico é obviedade extrema. Depois de alguns anos de vida, essa obviedade pode começar a ser confundida com algo sem sentido. Quero dizer, muitas pessoas encaram essas datas como “dias como qualquer outro“ ou, ainda, mesmo que não cheguem a tanto, encaram-nas com certo azedume por acreditarem que, no geral, tendemos a romantizar o período. Dentre outras coisas, esquecem-se completamente dessa questão dos ciclos e dos impactos psicológicos dos mesmos.

Alguns céticos, pessimistas e ‘azedos’ afirmam que a maneira como nos comportamos chega a ser (para colocar de maneira leve) boba. Afinal, qual o sentido de imaginar que as coisas podem ser diferentes no novo ano, que podemos mudar hábitos, que teremos condições de iniciar projetos adiados, e demais “ingenuidades”? Recentemente me deparei com mensagem de experiente e bem formado ser humano, que se diz um “ultra-realista” (e não um “pessimista, como muitos podem achar”), em que ele afirma que esses são “períodos absolutamente poliânicos, como o final de ano e os sempre ingênuos votos para o ano entrante”. Escrevo para registrar que essa afirmação faz do colega um pessimista, um azedo e um cético (na pior acepção do termo), ainda que ele queira que não. O motivo é simples: o final de ano, por definição, não pode ser “poliânico”, apenas pessoas podem; e, ainda que os “votos” até possam ser assim considerados, também não o são em si, em potência os ‘desejantes’ e os ‘receptores’ é que o podem. O que quero dizer com isso? Quero dizer que as novas e positivas coisas no novo ano, as mudanças de hábitos e os inícios de projetos são totalmente factíveis; não houvesse pessoas capazes de os realizar, não teríamos saído das cavernas.
Um novo ano é um novo ciclo. Assim como tendo ido a Camurupim no mesmo horário em dias diferentes apenas em um deles consegui realmente aproveitar os atrativos da praia em função da mudança do ciclo das marés, também a mudança do ciclo anual nos propicia ‘novos aproveitamentos’. Dia primeiro de janeiro iniciamos um novo ciclo, por mais que isso se repita e possa parecer enfadonho e ‘sem sentido’ para um velhinho azedo, pessimista e cético. Você pode ser um “ultra-realista” e achar que essa mudança de ciclo e os votos de final ano não fazem diferença alguma. Você pode ser uma “Poliana” e achar que bastam os votos que as coisas serão melhores. Mas você pode ser positivo, alegre e receber com entusiasmo a virada do ano e os votos que te forem dados. Ser “Poliana”, “ultra-realista” (leia-se pesado, azedo, pessimista e dreno das energias alheias) ou positivo-propositivo-ativo depende única e exclusivamente de você próprio. Nesse último domingo de 2020 quero deixar registrado aqui o seguinte: se este ciclo (o ano atual) não propiciou que você realizasse uma série de coisas, seja positivo, propositivo e ativo; planeje adequadamente, trace objetivos e metas; e construa novas coisas, mude hábitos e realize projetos adiados! Meus votos a você, leitor, são de que alcance os objetivos e as metas que derivem do seu bom planejamento. Com preparo, organização, inteligência, esforço, resiliência e perseverança a sorte te alcança fácil! Boa sorte em 2021!
Marcos Pena Júnior é economista e escritor, mantém suas produções disponíveis em marcospenajr.com.
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E que venham sempre novos ciclos!
Excelente texto!!!
Para 2021 vamos despertar o amor pela leitura, focar nas coisas importantes e não perder a fé, o idealismo e a esperança em dias melhores.