O cartaz na mão da ativista de direitos humanos ucraniana Oleksandra Vyacheslavivna Matviichuk, 39 anos, traz um antigo slogan usado por dissidentes soviéticos que ela transformou em luta: “Pela nossa e por vossa liberdade”. Líder da organização não governamental Centro pelas Liberdades Civis da Ucrânia, com sede em Kiev, ela entrevistou centenas de sobreviventes da invasão russa e ex-prisioneiros das tropas de Moscou. Sua equipe, formada por 20 pessoas, documentou mais de 21 mil crimes de guerra cometidos pelas forças invasoras. O trabalho rendeu ao Centro pelas Liberdades Civis o Prêmio Nobel da Paz deste ano — dividido com a ONG russa Memorial e com o bielorrusso Ales Bialiatski, na prisão por se opor ao regime de Alexander Lukashenko. Em entrevista exclusiva ao Correio, por telefone, Oleksandra admitiu que foi pega de surpresa pela escolha do Comitê Nobel Norueguês e afirmou que a honraria lhe impõe uma “responsabilidade imensa”. “O Nobel da Paz tornará a nossa voz tangível.” Ela disse que Vladimir Putin teme a ideia de liberdade e defendeu a criação de um tribunal internacional para julgar o presidente russo.
Fonte: Rodrigo Craveiro